quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Falta de leitos e médicos prejudica combate a possível epidemia

Sesa e SMS encaram a chance real de epidemia de dengue no Estado. Estudos apontam que a maior incidência será da dengue tipo 1 e as crianças serão as principais vítimas. Em Fortaleza foi verificada epidemia em outubro

O Ceará está se preparando para encarar mais uma epidemia de dengue. De acordo com o relatório do Ministério da Saúde, a possibilidade é real (risco muito alto) por aqui e em outros 15 estados brasileiros.

Ontem, representantes das secretarias estaduais e municipais de saúde, além de hospitais públicos e privados, estiveram reunidos traçando estratégias para atender um possível aumento de pacientes com dengue tipo 1. Há aproximadamente 16 anos essa primeira variação de dengue não circulava pelo Estado. Por isso, a atenção deve ser redobrada com as crianças – que ainda não tiveram nenhum contato com este vírus.
Em Fortaleza, a situação é crítica. Segundo o titular da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Alex Mont’Alverne, a Capital chegou a ficar em estado de epidemia, em outubro de 2010, quando o nível de infestados superava o diagrama de controle. “Atualmente, estamos no limite”, disse.
A última epidemia confirmada no Ceará ocorreu em 2008. Os números relacionados à dengue em janeiro deste ano são semelhantes ao daquele período. Foram 1.352 casos confirmados de dengue no primeiro mês de 2011. No ano passado, no mesmo período, apenas 535. Já em janeiro de 2008, foram 1.607. Quanto ao número de municípios cearenses com transmissão de dengue por mês, os dados também coincidem com o do último ano de epidemia. Em 2008, foram 72. Este ano, já chega aos 78 municípios.
Caso a epidemia se confirme no Estado, o receio dos profissionais de saúde é que não existam leitos e médicos suficientes para cuidar da demanda. Diretores de hospitais públicos alegam que as unidades estão com ocupação acima da média e poucos profissionais. “Estamos com superlotação antes mesmo de se configurar a epidemia. Falta também sais de hidratação oral”, desabafa a diretora técnica do Hospital Infantil Albert Sabin, Marfisa Portela. No Hospital São José, o cenário é semelhante. “Os hospitais estão sobrecarregados. A falta de médicos gera uma lacuna”, comenta o diretor Anastácio Queiroz.

Medidas

Para o titular da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), Arruda Bastos, medidas estão sendo tomadas para garantir atendimento a todos os pacientes. Ele informou que o hospital da Polícia Militar servirá como unidade de retaguarda para as possíveis vítimas da dengue. “Não vamos ter problema com leitos”, garantiu.
No município, mesmo com um déficit de 40 unidades básicas, Alex Mont’Alverne ressaltou o aumento de postos de saúde com terceiro turno e funcionamento aos fins de semana como estratégia para minimizar os efeitos da dengue. “Estamos fortalecendo a integração da rede primária e secundária”. E completou que existe estoque de sais de hidratação oral para três meses e que será feito pedido para mais seis meses. Sobre a falta de profissionais de saúde, ambos os secretários prometeram a convocação e lotação imediata.



Viviane Gonçalves


vivi@opovo.com.br

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