domingo, 1 de agosto de 2010

Casos de dengue mais que dobram em seis Estados; SP lidera com aumento de 2.277%

Fabiana Uchinaka
Do UOL Notícias*
Em São Paulo


O número de casos notificados de dengue disparou nos seis Estados que, segundo o Ministério da Saúde, concentram a maior incidência da doença no Brasil. No primeiro semestre do ano, São Paulo, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Minas Gerais e Goiás registraram pelo menos duas vezes mais casos que no ano passado.

São Paulo apresenta o quadro mais dramático. Diferentemente do que acontece nos outros Estados, a Secretaria de Saúde paulista não divulga os casos notificados, apenas os confirmados. Mesmo assim, houve um aumento de 2.277% nos casos de dengue confirmados entre janeiro e junho deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde, São Paulo já registrava no final de abril 185.966 notificados. A secretaria afirma que até 29 de junho foram confirmados 157.200 casos, sendo 120 mortes. No ano passado foram 6.612 casos de janeiro a junho.

O pico da doença foi registrado em março, quando houve 51.057 ocorrências confirmadas no Estado. Ribeirão Preto, no interior, é a cidade com maior número de casos (27.951) e mortes (11). Em segundo lugar aparece São José do Rio Preto, também no interior paulista, com 17.729.

Alagoas e Pernambuco
Com mais de 32 mil casos notificados e 19.758 casos confirmados nas primeiras 28 semanas do ano, Alagoas vive o maior surto de dengue já registrado no Estado. Segundo o último boletim epidemiológico, o número de confirmações é 845% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Desde 1996, quando o Estado começou o histórico, nunca houve uma taxa de incidência da doença tão alta. Segundo o Comitê de Combate à Dengue, a taxa atual chegou, em junho, a 650 para cada 100.000 habitantes. O maior índice registrado até então foi em 2008, de 570 para cada 100.000 pessoas.

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Além do aumento no número de doentes, os casos graves e de mortes pela dengue também cresceram no mesmo período. Até agora, nove mortes foram confirmadas e 13 estão sob investigação.

O boletim aponta ainda que todos os 102 municípios alagoanos registraram suspeita da doença, sendo que 36 se encontram em situação epidêmica e outros 36 estão em estado de alerta. A cidade com maior incidência é Maceió, que notificou 8.345 casos até a última semana, quatro vezes mais que o índice registrado no mesmo período em 2009.

Outro Estado que em junho sofreu com a grande calamidade provocada pela chuva e pela cheia dos rios, Pernambuco também registrou aumento significativo nos casos notificados de dengue.

Até meados de julho, foram registrados 32.136 casos em 171 municípios, um aumento de 460% em relação ao mesmo período de 2009, quando foram 5.739 casos notificados. Recife (5.896), Caruaru (5.610) e Salgueiro (1.881) concentram o maior número de doentes.

Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás
Os três Estados do Centro-Oeste brasileiro também registram altos índices de incidência de dengue. A situação é mais alarmante em Mato Grosso do Sul, onde foram registrados 78.634 casos e 43 mortes até a última semana de julho. Na comparação com o primeiro semestre do ano passado, o aumento foi de cerca de 570%.

A capital Campo Grande concentra a maior parte dos casos, com 39.360 notificações. Dourados (7.166) e Três Lagoas (2.154) aparecem em seguida.

Em Mato Grosso, não houve um aumento expressivo na comparação com o ano passado (14%), mas ainda assim são 40.528 casos notificados e 59 mortes desde o começo do ano. Em Cuiabá, foram 4.386 notificações da doença e 11 mortes. No ano passado, foram 35.500 casos notificados.

Já em Goiás, houve 92.441 infecções de dengue notificadas até julho, um aumento de 96% em relação a 2009. A capital Goiânia respondeu por 41% dos casos. No ano passado, houve 25.265 casos da doença no mesmo período.

Rio de Janeiro e Minas Gerais
Além de São Paulo, outros dois Estados do Sudeste apresentam aumento visível no número de casos de dengue: Rio de Janeiro e Minas Gerais.

No Rio, as notificações da doença passaram de 12.403 de janeiro a junho de 2009 para 21.346, neste ano, com 31 mortes. O município que lidera em número de infectados é São Gonçalo, na região metropolitana, com 1.805 casos e oito mortes, seguido de Tanguá, também na região metropolitana, com 1.730, e Macaé, no norte fluminense, com 1.670.

Já em Minas Gerais houve um aumento de 195%. Foram 220.121 casos notificados até julho, com 66 mortes confirmadas. No ano passado, foram 74.717 casos no mesmo período.

A capital Belo Horizonte lidera, com 62.337 casos. Em seguida, aparecem Betim (18.069) e Montes Claros (7.276).

Falta prevenção
Para o pesquisador do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Paulo Roberto Urbinatti, o surto de dengue é um reflexo direto da falta de vigilância e prevenção.

“Quando aumenta muito o número de casos de dengue é falha na vigilância, de agentes controlando a população. Mas, além disso, existe uma falha nas políticas públicas voltadas, por exemplo, para o saneamento básico, para a coleta de lixo seletiva e para a educação ambiental”, disse.

Ele também explica que o mosquito se desenvolve em clima quente deste inverno e em água parada. “O clima é um fator muito importante. E, no Brasil, o clima é favorável ao desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti, por isso radicar a doença é tão difícil”, afirmou. “Mas é possível combater. E para isso é preciso ações integradas de prevenção e vigilância”.

Conheça algumas medidas preventivas:

•Manter a caixa d’água, tonéis e barris ou outros recipientes que armazenam água totalmente tampados e limpos na sua parte interna (lavados com escova e sabão semanalmente).
•Remover tudo o que possa impedir a água de correr pelas calhas e não deixar a água da chuva acumular sobre as lajes.
•Encher os vasos e os pratinhos das plantas de areia até a borda.
•Jogar no lixo todo objeto que possa acumular água, como potes, latas e garrafas vazias.
•Colocar o lixo em sacos plásticos, fechar bem esses sacos e deixá-los foram do alcance de animais. Manter lixeiras bem fechadas.

*Com reportagem de Carlos Madeiro.

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